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Doçaria

Outro dos sectores gastronómicos em que Abrantes se destaca é na doçaria de origem conventual. A origem dos doces Abrantinos estará, sem dúvida nos conventos femininos que existiram na cidade entre os séculos XIV e XVI, nomeadamente no Convento da Graça. Na doçaria de origem conventual, salientam-se a Palha de Abrantes, as Tigeladas, as Broas de Mel ou dos Santos, a Lampreia de ovos, as Limas, as Castanhas doces e os Mulatos.

A história da Palha de Abrantes

A origem da Do­çaria Re­gi­onal do Con­celho de Abrantes está sem dú­vida nos con­ventos fe­mi­ninos que exis­tiram na ci­dade no sé­culo XVI, em­bora a sua con­feção e venda tenha, apenas, sur­gido no sé­culo pas­sado, em Rio de Moi­nhos, uma das fre­gue­sias do con­celho. Os con­ventos, mais pro­pri­a­mente a co­zinha destes, eram ver­da­deiros la­bo­ra­tó­rios no que con­cerne à cri­ação de doces. Es­pe­ci­a­listas em doces con­ven­tuais, o fa­brico deste doce em par­ti­cular foi pas­sando de ge­ra­ções em ge­ra­ções mas ro­deado de muito se­cre­tismo, apenas quem vivia no con­vento podia ter acesso a estas re­ceitas.

Como se sabe as don­zelas que não ti­nham dote para casar en­travam para o con­vento e com elas le­vavam um en­xoval de­ter­mi­nado pelas freiras do con­vento, bem como cri­adas que tra­ba­lhavam para servir as me­ninas e nas ta­refas con­ven­tuais. Estas cri­adas ti­nham acesso di­reto às re­ceitas e foi este o veí­culo de pro­pa­gação para a trans­missão do saber fazer deste doce se­cular.
 
De acordo com a lenda, os doces de Abrantes, são de origem conventual, mais concretamente do antigo Convento da Nossa Senhora da Graça. Conta-se que as mulheres de Rio de Moinhos, lavadeiras da cidade, prestavam alguns serviços às freiras dominicanas deste convento, e ao ganhar a confiança destas, conseguiram obter as receitas das Tigeladas, Broas de Mel e da tão conhecida Palha de Abrantes.
A Palha de Abrantes é uma iguaria constituída por gema de ovo com amêndoa, coberto por fios de ovos ligeiramente tostados no forno bem quente, sendo considerada o símbolo gastronómico da cidade. Este doce tem origem no excesso de gemas de ovos que sobravam após a engoma da roupa, tarefa na qual eram utilizadas as claras de ovos. A tradição popular liga o nome “Palha de Abrantes” à imagem da palha, que vinda do Alentejo passava por Abrantes, importante entreposto fluvial, a caminho dos estábulos de Lisboa. No entanto a palavra “Palha” esteve também associada a algumas Praças do centro histórico, onde outrora se realizava o mercado da palha.
 
Esta especialidade pode ser degustada durante todo o ano nas pastelarias da cidade e é também presença de destaque em eventos e feiras temáticas realizadas ao longo de todo o ano, sendo disso exemplo a Feira Nacional de Doçaria Tradicional.
 

Palha de Abrantes (Receita do Convento)
 
“Partem-se 34 ovos, tira-se-lhe as claras e as peles. Põe-se 1 kilo de assucar ao lume com uma pouca de agua, e depois de ferver um bom bocado, fazem-se os fios com o funil próprio. No mesmo assucar deitam-se outros 24 ovos bem batidos, mas só 10 claras e deixam-se coser. Ficam assim deitar as sopas que se colocam na travessa por debaixo dos fios.”
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